Primeiro líder latino-americano da Igreja Católica Romana, o Papa Francisco morreu aos 88 anos. Ele vinha se recuperando da pneumonia dupla que o atingiu há alguns meses, mas foi vencido pela enfermidade nesta segunda-feira de Páscoa, depois de ter feito sua derradeira aparição na Praça de São Pedro em um papamóvel aberto para cumprimentar multidões animadas no Domingo de Páscoa.
No período que esteve à frente da igreja, passou por diversas turbulências, com divisões e tensões por buscar reformular a instituição, mesmo diante de críticas e reações adversas.
Em sua última aparição, neste domingo de Páscoa, ele demonstrava grande fraqueza, e sua mensagem foi lida por um assessor, enquanto o papa observava da sacada principal da Basílica de São Pedro. Em sua mensagem ele reiterou seu apelo por um cessar-fogo imediato em Gaza.
O papa também teve um breve encontro no domingo com o vice-presidente dos EUA, JD Vance. Outros líderes mundiais reagiram à morte do papa elogiando seus esforços para reformar a igreja mundial e oferecendo condolências aos 1,4 bilhão de católicos do mundo.
Francisco
O Papa Francisco mudou a face do papado moderno mais do que qualquer outro antecessor. Ele evitou grande parte da pompa e dos privilégios tradicionais do cargo, e suas tentativas de tornar a Igreja Católica mais inclusiva e menos crítica o tornaram um inimigo dos conservadores nostálgicos por um passado tradicional.
Francisco, da Argentina, foi eleito em 2013 como o primeiro papa não europeu em 1.300 anos. Ele herdou uma Igreja profundamente dividida após a renúncia de Bento XVI em 2013. A lacuna entre conservadores e progressistas tornou-se um abismo.
A polarização foi mais acirrada nos Estados Unidos, onde o catolicismo conservador frequentemente se misturava com políticas e meios de comunicação de direita bem financiados. Sob sua supervisão, uma constituição do Vaticano reformulada permitiu que qualquer leigo católico batizado, incluindo mulheres, chefiasse a maioria dos departamentos da administração central da Igreja Católica.
Ele colocou mais mulheres em altos cargos no Vaticano do que qualquer outro papa anterior — embora não tantas quanto os progressistas queriam.
O papado de Francisco foi condenado por um cardeal conservador como uma “catástrofe” em um memorando anônimo em 2022.
Simplicidade
O Papa Francisco era a favor de uma vida simples e modesta. Ele renunciou aos espaçosos apartamentos papais no Palácio Apostólico e nunca saiu do hotel do Vaticano, onde ele e os outros cardeais que participaram do conclave de 2013 estavam hospedados em quartos simples.
Francisco evitou a “mozzetta” (capa) vermelha com detalhes em pele e não usava uma cruz de ouro, mas mantinha em volta do pescoço a mesma cruz prateada desbotada que usava quando era arcebispo de Buenos Aires.
Ele também não usava os luxuosos “sapatos de pescador” vermelhos usados por seus antecessores, preferindo usar sapatos pretos simples. e sempre usava relógios de plástico de US$ 20, doando alguns para que pudessem ser leiloados para caridade.
A limusine papal à prova de balas foi enviada aos Museus do Vaticano e Francisco começou a circular por Roma em um Ford Focus azul, sem dispositivos de segurança. No final de 2024, o Vaticano revelou um novo papamóvel aberto, um Mercedes-Benz elétrico que Francisco usaria para receber os peregrinos na Praça de São Pedro.
